Como os cães percebem o mundo?

Para entender a percepção canina una conhecimento, observação e empatia

A nossa interação com o ambiente acontece a todo momento, portanto, somos também influenciados constante. Da mesma forma, os cães são afetados positivamente ou negativamente. Os elementos ambientais podem ser diversos e, muita vezes, não é necessária uma ação proposital para gerar alguma efeito. Através dos sentidos, o cão capta informações do meio e reage a elas mesmo que de forma passiva. Devido as diferenças entre humanos e cães, nem sempre conseguimos ter a dimensão de como o espaço está sendo sentido e compreendido por eles. Inclusive, os sentidos podem sofrer alterações em seu nível de capacidade de acordo com as condições climáticas. Um movimento de atenção, observação e expansão de pensamento se faz necessário para tentarmos compreender os cães. Junto disso, vamos explorar do que os sentidos deles são capazes para processar informações do mundo externo.

Olfato

O olfato é a principal forma de captação e decodificação das informações do ambeinte. A capacidade olfativa de cão é pelo menos 6x maior que a humana. Não é de se admirar que eles parem para cheirar coisas que para nós não fazem o menor sentido. Devido a grande diversidade de raças, existem diferenças no alcance olfativo dos peludos. Os doligocefalicos (cães de focinho longo) tem cerca de o dobro da capacidade dos braquicefálicos (cães focinho achatado). Cães maiores também tem mais capacidade olfativa do que comparados aos menores (devido a quantidade de receptores que cabem em seu focinho). Até a pelagem pode ser um indicativo, cães de pelagem clara tem olfato mais apurado que os de pelagem escura. Além disso, algumas raças que foram selecionadas para o trabalho de faro podem possuir mais capacidade ainda do que os demais. O olfato é um fator fundamental na comunicação entre cães e identificação individual dos cães. Leia mais sobre comunicação canina.

Você sabe o que são feromônios caninos?

Feromônios são substâncias químicas naturais e voláteis exaladas instintivamente pelos cães em determinadas situações e que agem como sinais que podem ser percebidos a centenas de metros por outros cães (o ser humano não possui capacidade sensorial de perceber os feromônios caninos). É uma substância que tem influência fisiológica sobre outro indivíduo e que desencadeia uma reação hormonal. Já existem no mercado alguns feromônios sintéticos que tem como objetivo tratamento terapêutico. Conheça onde ficam as glândulas que secretam feromônios e em qual a sua principal atuação no corpo e nos indivíduos ao redor:

  • Faciais: sinais de comportamento social
  • Ouvidos: sinais de segurança e autoafirmação
  • Digitais: marcação de território e alarme
  • Mamárias: para orientar filhotes e áreas de segurança
  • Genitais: sinais reprodutivos e de marcação territorial
  • Anal: comunicação de identidade, marcação de território e alarme.

Audição

Os cães escutam timbres e sons não audíveis ao humano, podendo perceber elementos ocorrendo em longa distância e avaliam a proximidade (ou não) com base na altura. São também capazes de absorver informações espaciais com base na repercussão do som no local. Isso significa que quando achamos que está silêncio, ainda deve haver barulhos sendo percebidos, e talvez, incômodos aos cães. Quando achamos que um som esta baixo, provavelmente esteja alto para eles. A orelha funciona como um captador do som e sua movimentação permite a captação de sons vindos de diferentes direções. Ao inclinar a cabeça o som entra de maneira diferente ampliando a percepção animal (por isso os filhotes fazem aquela virada de cabeça diante de barulhos novos). Há variações na capacidade sensorial entre as raças, cães de orelhas em pé tendem a ser mais sensíveis que os de orelha caída (assim como cães com cirurgias de corte de orelha).

 Visão

A visão não é dos sentidos mais apurados nos cães e é bem inferior a capacidade humana. Eles enxergam em escalas de cinza, amarelo e azul. Dessa forma, podem ter dificuldade em perceber alguns elementos dependendo do contraste com o fundo que estão. Como compensação, possuem uma maximização da capacidade de enxergar no escuro e leem as imagens em câmera lenta, o que os torna mais ágeis ao responder a estímulos.

Apesar de não tão bem desenvolvida, a visão é relevante para a comunicação animal através da expressão corporal. A leitura da movimentação do corpo, posicionamento de orelha, olhar rabo, incluindo sinais de apaziguamento é muito importante para o bom relacionamento entre cães e dos cães com as pessoas. Portanto, as cirurgias estéticas (amputação de rabo e corte de orelhas, hoje já proibidas em alguns locais) são comprometedoras podendo dificultar a comunicação entre os cães.

As características de algumas raças também envolve prejuízo nessa comunicação como o corpo compacto dos Buldogues que esconde sutilezas de inclinação, os olhos caído dos Basset Hound que dificultam a visão e a leitura dos outros cães, as rugas dos Sharpei e Pug limitando expressões faciais, a pelagem na frente dos olhos de Shihtzu e outros. As raças também apresentam variação na amplitude de seu campo de visão sendo os braquicefálicos com menor amplitude lateral que os de focinho longo, o que se dá pela localização dos olhos mais lateralizados (ao mesmo tempo, o focinho pode vir a ser um obstáculo em algumas situações). Outra característica interessante de se considerar é o porte do cão para avaliar a amplitude de seu campo de visão (cães mais altos tem um campo visual mais amplo do que os menores).

Tato

O tato envolve o apoio convencional (patas) e o tipo de superfície que apoiam podendo gerar algum tipo de aversão ou preferência, bem como outras partes do corpo. Já percebeu com as vezes os cães nos surpreendem escolhendo posições para deitar ou forma de se aproximar? O tato é também uma forma de interação e manutenção social através da aproximação e contato físico com outros indivíduos seja de caráter afetivo ou comunicativo.

O tato está associado também a percepção de temperatura. Envolve a capacidade para sentir pressão e vibração de forma mais sensível que a humana. Cães “pressentem” mudanças climáticas devido a pressão atmosférica e reagem a vibrações de solo (e som). Os receptores estão na base dos pelos tácteis chamados vibrissas (longos, rígidos e vascularizados e inervados). São eles: Supraciliares, Igmáticos, Labias, Queixo, Mandibulares. As raças apresentam variações em quantidade e tamanho das vibrissas que são, também protetivas a face.

Gustativo

A gustação do cão é bem menor que a humana. Devido a natureza predadora e carniceira dos cães, eles são curiosos e gulosos. Geralmente não são muito seletivos, mas aprendem rapidamente que podem conseguir coisas mais interessantes e manipulam algumas situações. As percepções de paladar dos cães são: salgado, doce, ácido, amargo e umami (exaltador de paladar dos demais gostos). Estes são os locais em que os sabores são sentido na língua: doce (ponta esquerda), salgado (ponta inteira), amargo (fundo), ácido (laterais), umami (tudo).

Agora que você possui informações suficientes, se coloque no lugar dos cães para entender como ele processa o mundo em que vocês vivem. Esse movimento pode mudar muito a relação entre vocês.

Tatiana Nassif e Olivia Miranda