Adestramento, creche ou consulta comportamental: o que é preciso saber?

Especialistas em comportamento canino são as principais indicações para garantir um bom convívio familiar e uma bem-estar para seu melhor amigo.

É perfeitamente normal que hajam dificuldades de convívio entre cães e pessoas. Pense bem: são duas espécies diferentes, com interesses, formas de ver o mundo e necessidades diferentes. Diante disso, é muito comum também que as pessoas fiquem confusas ao escolher o melhor serviço para ajudá-las. E a resposta certa, na verdade, é algo bem particular e específico para cada cão, cada família e cada momento da vida. Não há uma resposta única ou uma solução mágica. Adestramento, creche e consulta comportamental tem suas particularidades, semelhanças e limitações. Por isso, muitas vezes podem, e devem, ser complementares para se atingir um melhor resultado. Vamos passar pelos principais pontos de cada um destes serviços.

CRECHE PARA CÃES

creche para cachorro é uma forma de prevenção e reabilitação de problemas de comportamento, além de ser um espaço de convivência canina com supervisão qualificada. Uma creche de cachorro é um serviço de muita responsabilidade em que se deve visar o bem-estar animal e a repercussão disso na convivência familiar humana. Portanto, é importante uma rotina que atenda as necessidades dos cães de forma completa, incluindo momentos de relaxamento e obediência.

Espaços planejados de acordo com o porte dos cães potencializa o aproveitamento das atividades e a segurança, esse pode ser um dos diferenciais de alguns estabelecimento. Na Dog Adventure, além do agrupamento por portes, temos a Escola para Filhotes com uma rotina especial com base no desenvolvimento canino e prepara os cães para situações da vida cotidiana. No nosso caso, a creche para cães pequenos e a escola para filhotes possuem em sua rotina momentos de integração com a creche para cães grandes a fim de manter as relações e aprendizados diversificados expandindo também a noção de respeito ao próximo.

Principais indicações da creche de cachorro:

  • gasto de energia
  • socialização com cães e pessoas
  • obediência básica
  • bem-estar e qualidade de vida
  • prevenção de problemas comportamentais de diferentes ordens
  • ansiedade de separação baixa ou moderada
  • ansiedade generalizada
  • hiperatividade
  • comportamento destrutivo
  • comportamentos compulsivos como latidos excessivos, lambedura de patas e outros
  • cães que ficam muito tempo sozinhos, sofrem com isso ou se colocam em situações de risco
  • tutores que precisam de suporte nos cuidados por longos períodos no seu dia-a-dia

Quais os pré – requisitos para frequentar a creche?

  • Todos os cães devem ser sociáveis com cães e pessoas
  • Machos adultos devem ser castrados
  • Fêmeas durante o cio ficam de férias da creche
  • Vacinas sempre em dia (exigências V8 ou V10, raiva, giárdia, tosse)
  • Filhotes podem frequentar logo após a primeira imunização completa (V8 ou V10 sendo 3 ou 4 doses)
  • Exame de fezes realizado na matrícula e manutenção semestral intercalada com vermifugação
  • Controle antiparasitário: qualquer tipo de prevenção é aceito desde que se mostre eficiente e tenha comprovação de reaplicação em dia. Possuímos alguns para venda e damos preferência para aplicar e controlar para você
CONSULTA COMPORTAMENTAL

É realizada com os cães e suas respectivas famílias e propõe a melhoria das relações e do bem-estar de todos os envolvidos. Para a reabilitação comportamental do cão, o médico veterinário comportamentalista pode utilizar um conjunto de ferramentas como avaliação física e de saúde, orientações sobre disciplina positiva, atividade física (indicação para creche, natação, caminhadas dentre outros), mudanças no manejo em casa, recomendação de feromonioterapia, psicofármacos e adestramento.

Quando o foco da consulta é a orientação, o serviço tende a ser uma intervenção pontual para algum tipo de ajuda que a família esteja precisando naquele momento. Já para alguns casos, se torna um acompanhamento mais presente na vida do cão, especialmente se avaliado que o uso de alguma medicação pode ser benéfico para ele.

É comum que haja certa resistência na adesão dos tutores quanto a este serviço. Algumas pessoa não se sentem confortáveis em dividir informações do seu convívio e, outras, ficam inseguras como a possibilidade de medicar o cão. A medicina veterinária está altamente avançada nesse ponto. Existem diversas opções e as dosagens são graduais para melhor adaptação do cão. Encontrar bons profissionais é a chave de tudo.

Queixas comuns de problemas de comportamento em cães que podem ser tratadas em consulta:

  • Ansiedade generalizada
  • Comportamento de monta
  • Comportamento depressivo/ apático (diante de perdas ou falta de estímulos)
  • Comportamento destrutivo
  • Comportamentos compulsivos ou estereotipados (exemplos: lesões por lambedura, perseguição de sombras etc)
  • Coprofagia (ingestão de fezes)
  • Dificuldades no passeio
  • Eliminação em local inapropriado (fezes e urina)
  • Estabelecimento de educação básica
  • Estresse
  • Gravidez psicológica (pseudociese)
  • Latidos excessivos
  • Medos e fobias
  • Mordidas constantes e/ou Agressividade
  • Possessividade
  • Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS)
  • Problemas de Socialização

Outras situações que a consulta pode ajudar:

  • orientação para escolha de um filhote (desde o estudo de raças até a avaliação do temperamento do indivíduo na ninhada)
  • orientação para adoção de cães (compatibilidade entre o perfil da família e do animal)
  • adaptação de um novo membro na família (cão ou humano)
  • desenvolver conhecimento e senso de responsabilidade em crianças que desejam um cão ou convivem com ele
  • envolver a família como um todo de maneira participativa na criação do animal e na divisão de tarefas
ADESTRAMENTO

É um dos serviços mais populares e procurados para melhorar o comportamento de um cachorro, mas como vimos, não é o único e nem sempre o mais indicado. No adestramento moderno, o reforço positivo (com o uso de recompensas) é o principal método de modificação comportamental, pensando sempre no bem- estar do cão e no conjunto de fatores que interferem no comportamento indesejado: o ambiente, a emocionalidade e processo de aprendizagem. Métodos que usam força física e elementos aversivos são ultrapassados e podem prejudicar ainda mais o comportamento, é muito importante levar esse ponto em consideração na escolha do profissional.

Geralmente as aulas são feitas em domicílio ou em locais públicos para treinos específicos. As orientações necessárias são ensinadas e o treino de modificação comportamental é feito com o cão junto a família, para que assim a família possa dar continuidade, até que o cão esteja respondendo bem ao treinamento e não seja mais necessária a presença do profissional.  

Perfil do cão que pode ter benefícios com o adestramento:

  • Cães que não aprenderam o local das necessidades básicas
  • Cães que pulam 
  • Cães que latem em demasia
  • Cães que não ficam bem quando sozinhos
  • Cães que não sabem passear
  • Cães destruidores
  • Cães possessivos
  • Cães hiperativos
  • Cães que não permitem manuseio (corte de unhas e escovação, por exemplo)
  • Cães que receberam ou receberão um novo membro da família (cão, gato, outro animal ou nascimento de um bebê humano)
  • Cães em adaptação à mudança de casa
  • Cães em adaptação para viagens
  • Cães que precisam de adaptação para procedimentos veterinários

Clique nos serviços para saber mais sobre creche para cães, escola de filhotes, consulta comportamental ou adestramento.

Tatiana Nassif e parceiras Bruna Bons e Carolina Okada

Qual a relação entre inteligência emocional nos humanos e o bem- estar dos cães?

Qual o papel do tutor e do profissional da área pet diante disso?

Por algum tempo propagou-se a idéia de que cães queriam ser líderes de sua matilha a todo custo e dominá-los seria necessário para estabelecer uma hierarquia e uma convivência de respeito com os seres humanos. Hoje sabemos que esse pensamento é ultrapassado e equivocado. A organização social do cão doméstico é como uma unidade familiar, muito parecida com o que nós chamamos de família mesmo (falamos sobre isso em um dos nossos primeiros textos:  O que é família multi – espécie?). Por serem animais sociais, eles precisam manter a coesão do grupo e para isso são necessárias habilidades apaziguadoras, a fim evitar conflitos e, mais do que isso, comportamentos de colaboração.

Empatia e estresse: uma via de mão dupla

Para que a convivência entre humanos e cães pudesse se fortalecer ao longo do processo de domesticação, os cães desenvolveram uma alta capacidade de compreender as emoções humanas. Por serem tão próximos afetivamente de nós, os cães podem não apenas decifrar o que sentimentos, mas também se contagiar por nossas emoções. Por isso se diz que “o cão é como um espelho” e acredite, existe ciência por trás disso tudo.

Empatia intra e interespecífica, ou seja, dentro de uma mesma espécie e entre espécies diferentes (como no caso de humanos e cães), é a pré-disposição de compartilhar e compreender emoções do outro. E essa emoção passa a ser experienciada como verdadeira em nós mesmos. Envolve um sincronismo motor e emocional que influencia a afetividade entre os dois indivíduos. Essa ligação é variável de acordo com o grau de vinculação entre os dois e a intensidade da emoção vivida. Os comportamentos pró- sociais são:

  • Mímica
  • Consolo
  • Compreensão
  • Companheirismo
  • Reações motoras e fisiológicas (e subjetivas)

Estudos recentes mediram níveis de estresse e personalidade de tutores de pets e descobriram que essa sincronia emocional acontece de forma mais profunda do que se imaginava. Tutores que apresentam níveis elevados de cortisol, o hormônio do estresse, possuem cães com esses níveis mais elevados também. O efeito dessa condição passa a ser visível no comportamento do cão mais ansioso, reativo, hiperativo ou como comportamentos compulsivos, por exemplo.

Inteligência emocional, auto – cuidado e o apoio profissional

Esse conhecimento é fundamental para compreender a relação entre tutor e cão e possíveis mudanças comportamentais que venham a surgir. Muitas vezes há uma tendência a culpabilizar o cão por seus comportamentos, mas a “posse responsável” exige um movimento genuíno do tutor em reconhecer suas próprias dificuldades emocionais. Momentos de ansiedade, insegurança, frustração e depressão (que são naturais na vida humana) poderão facilmente influenciar o cachorro. Procurar ajuda profissional para os dois pode ser muito importante para o bem-estar e para a manutenção de uma boa convivência.

Em ambiente de creche para cães, o acompanhamento com os tutores nessas fases de maior sensibilidade emocional familiar, é crucial para a estabilidade do comportamento do cão. Por consequência, a regulação da matilha também pode ser influenciada já que o contagio emocional também acontece na via cão – cão. Muitas vezes, serviços de apoio podem ser indicados como o adestramento, a consulta comportamental, o uso de florais, feromônio terapia, acupuntura e natação.

E como tudo isso influência o profissional da saúde e do comportamento animal?  Médicos veterinários e cuidadores pet estão junto com outros profissionais de saúde humana, educação e segurança pública que possuem os maiores índices de desgaste emocional associado ao trabalho.  Além da capacitação técnica voltada ao animal, inteligência emocional e auto- cuidado são fundamentais para que o profissional possa encontrar o caminho para acessar os cães e suas famílias de maneira diferencial. O exercício físico e a meditação já se provaram técnicas mais que efetivas, mas cuidados básicos como alimentação e repouso apropriado não podem ser deixados de lado, assim como o cuidado com o relacionamento em equipe.

Tatiana Nassif

A comunicação entre humanos e cães

Se comunicar é a chave de qualquer relacionamento

Muitas das dificuldades de relacionamento que surgem entre tutores e cães acontece por falhas na comunicação. Por serem espécies diferentes, se comunicar com eficiência pode ser um grande entrave na convivência. Mas na verdade, a comunicação pode ser mais simples do que parece. Assim com nós humanos, os cães são seres sociais e se comunicar é crucial para sobrevivência. Devido a coevolução que existiu entre cães e humanos, diferentes estratégias de comunicação foram desenvolvidas entre os dois. Com um pouco de conhecimento sobre a essência canina e a capacidade de entender seu ponto de vista e suas limitações, esse ruído da comunicação pode ser reduzido e melhorar significativamente o relacionamento.

A maioria das formas de comunicação é determinada geneticamente, mas muitas dependem da prática social para se estabelecer corretamente, não é diferente com os cães. Seja para se relacionar com outros cães ou com os seres humanos, é preciso experimentar e trocar com o outro. E como toda prática, se não for realizada desde cedo e com regularidade, a comunicação pode se tornar uma característica um pouco atrofiada.

Saiba como se entender melhor com seu cachorro

É importante compreender como funcionam os sentidos nos cães, pois é através deles que eles decifram o mundo (e isso inclui os seres humanos ao seu redor). O olfato é o espectro mais importante para eles e tem um papel crucial na comunicação. Eles compreendem muito sobre o ambiente em que estão, sobre estímulos se aproximando ou se afastando e sobre como o outro esta se sentindo. Os cães podem compreender a comunicação humana sentindo cheiros (mesmo que você não queira…eles percebem seus hormônios de alegria ou de medo). Esse sentido muitas vezes é intangível para o humano, quase inútil na comunicação.

Enquanto humanos naturalmente utilizam a voz para se comunicar, essa é uma das últimas instâncias usadas pelos cães socialmente. Na realidade, os cães descobriram que vocalizar era bastante efetivo para chamar a atenção do ser humano, mas usam vocalizações com outros cachorros somente em casos muito pontuais. E enquanto um fala, alguém precisa estar escutando. A audição entra como um sentido fundamental para os cães uma vez que podem compreender o tom emocional que seus tutores empregam ao falar com eles. Cães são bem sensíveis auditivamente e podem perceber até mudanças respiratórias de ordem emocional, como em um momento de ansiedade. Da mesma forma, os cães possuem diversos tons para vocalizar e a intensidade e frequência em que usam pode ser interpretada com base em como estão se sentido.

A visão é um sentido muito importante para as duas espécies, especialmente para os cães já que a maior parte da comunicação acontece através de expressão corporal. Os cães leem nossos movimentos com muita facilidade e reconhecem nossos padrões. Sabem distinguir expressões faciais e seguir o direcionamento do seu olhar. Da mesma forma fazem em encontros com outros cães. Cabe ao ser humano fazer o mesmo esforço e estudo sobre os sinais de comunicação caninos.

Mas tudo se resume aos sentidos? E quando um dos indivíduos tem alguma defasagem sensorial? A comunicação fica um pouco mais limitada, mas não impedida completamente. Outros recursos podem substituir a tendência normal das espécies e novas percepções são afloradas para compensar. Porém, nesses casos é preciso um cuidado especial para garantir uma boa socialização desde cedo e bastante emprenho em conhecer o seu melhor amigo.

Conhecer o comportamento canino é fundamental para tentar simular situações mais próximas com sua natureza e influenciá-los efetivamente através da comunicação em qualquer contexto (brincar, se movimentar, se calmar e outros). Na comunicação com cães é preciso uma análise global para compreender seu estado emocional e a sua motivação através de do comportamento que estão mostrando, assim como devemos usar diferentes estratégias para comunicar a eles o que desejamos. Veja abaixo algumas opções que podem ser melhor trabalhadas entre vocês.

Como humanos se comunicam com os cães?

  • Postura corporal
  • Expressão facial
  • Motricidade do corpo (a forma de se locomover e velocidade)
  • Direcionamento de olhar
  • Apontar o dedo
  • Induzir com movimentos
  • Vocalizações
  • Comandos
  • Sinais de apaziguamento
  • Silêncio/ ignorar
  • Percepção de odores, hormônios e ritmo de respiração (acontece naturalmente)

Como os cães se comunicam com os humanos?

  • Expressão corporal
  • Motricidade do corpo (a forma de se locomover e velocidade)
  • Sinais de apaziguamento
  • Vocalizações
  • Interações corporais (patadas, mordidas, apoio de corpo e outros)
  • Direcionamento de olhar
  • Expressão facial
  • Silêncio
  • Movimentação pelo espaço
  • Emoções
  • Outros comportamentos a serem interpretados

Está com dificuldade de se relacionar com seu cão? Temos alguns serviços que podem ser um bom apoio como a creche canina e a consulta comportamental.